domingo, 8 de agosto de 2010

Obrigada pai

Eu escrevi e re-escrevi este texto mentalmente durante toda semana.
Eu não sabia exatamente como começá-lo e muito menos como terminaria e ainda não sei.
O rascunho, deixei em uma folha perdida no meio de um dos cadernos de trabalho, ele não ficou bom e não faria justiça ao que eu sinto e gostaria de transmitir.
Então eu resolvi que faria um texto sem treinos, sem edições; esperei abraçar meu pai hoje e entregar o presente junto ao cartão que tão cuidadosamente escrevi para ter a real noção do que me faz amá-lo de uma maneira impossível de transmitir com palavras.
O que você ler aqui, será apenas a sombra de um sentimento sem fim, de um amor incomparável, incapaz de colocado em números ou em uma balança.
Eu ia escrever no blog e deixar aqui para quem inesperadamente deparasse com ele, mas este mesmo texto será enviado por email, porque; bem eu quero e pronto.
É complicado, mais do que eu imaginava, descrever a relação de pai e filho sob a perspectiva de quem mais do que um pai, tem o herói em casa.
Quando eu era criança eu não tinha dúvidas que meu pai era o melhor do mundo, eu jamais tinha visto ele chorar, sentir dor fisica e/ou emocional, e para uma criança isso só pode ser coisa de super-herói, forte, corajoso, invencível.
Mas quando a gente cresce a tendência é que o que antes era um super-herói, torne-se simplesmente pai (mesmo que ser pai não seja simples).
Isso NUNCA aconteceu comigo, quem sabe ele nem lembre ou realmente não saiba a importância que certas coisas da minha infância tiveram onde ele foi o protagonista, como da vez em que ele saiu as pressas do carro, parando no meio da rua para salvar alguém. Eu não devia ter mais do que 4 anos, ou seja; hoje 20 anos depois, lembro com nitidez do dia em que ele foi o herói sem capa ou superpoderes que salvou alguém e aquilo nunca mais saiu da minha memória, eu senti tanto orgulho dele que até hoje me emociona lembrar disso, embora ele nunca conte para ninguém essas coisas.
Eu aprendi com meu pai, embora eu infelizmente não pratique tanto quanto deveria, a ajudar todo mundo, e durante minha passagem de infância, adolescencia e vida adulta, fizemos uma odisséia as casas dos vizinhos onde ele aplicava injeção, aferia pressão, dava carona ou simplesmente socorria pessoas.
O dia em que vi meu pai chorar pela primeira vez, me ouvindo falar na formatura aos meus 21 anos eu quase não acreditava, foi e ainda é difícil descrever a sensação de ver ele tão frágil frente a 5 minutos de palavras que eu simplesmente repeti porque eram dele, ele me ensinou e eu tentei passar adiante. Mas acho que ele sabe disso.
Quando ele sentiu dor e eu vi, pela primeira vez; foi um dos dias mais horríveis da minha vida; nenhuma dor pela qual eu tenha passado se fixou tanto em minha mente como a dor e o desespero de vê-lo sentir-se mal, eu teria trocado de lugar com ele sem pensar, porque meu egoísmo não me permite cogitar a possibilidade de viver sem ele nem por um segundo.
As pequenas coisas, as conversas, os jogos que assistimos juntos, os programas sobre vida selvagem que me levaram a escolher a minha profissão, as músicas de domingo que repetidamente tocam no rádio e ele insiste em me mostrar; tudo tem um sabor tão especial que eu tenho certeza que ele não faz idéia do quanto fazem a diferença na minha vida e o quando estar morando longe dele tem me afetado de forma e mudar quem eu sou.
É difícil escrever sem parecer uma bobalhona, chorando em frente ao computador, porque é um amor tão grande que ele simplesmente escapa de mim.
E eu preciso que ele saiba disso, que ele tenha a certeza de que o amo de maneira a não suportar a idéia de viver sem ele, porque ele é e sempre vai ser o meu super-herói.
Eu espero que todos tenham um pai a quem amar. Não acredito que todos tenham um igual ao meu, ele é incomparável e quem tem a sorte de conviver com ele sabe o que digo; não existe pessoa igual no mundo.
Obrigada pai, por me ajudar sempre, não me deixar entrar em pânico, me salvar das lagartixas enormes que sempre me perseguem, me aconselhar, dizer que estou errando, dizer quando estou me tornando algo que não é bom, ver meus defeitos e não deixá-los tornarem-se maiores do que minhas poucas qualidades e me fazer sentir como se eu fosse insubstituível.
Te amo.
Feliz dia dos Pais.
08/08/2010

Um comentário:

Fernanda de Lima disse...

Own, achei lindo *-*
Lindo texto.. (: