Não existe nada totalmente prazeroso de se fazer em um dia extremamente comum, embora possa nos passar despercebido tudo aquilo que fazemos automaticamente, não significa que não nos cause desgosto e que inconscientemente vá se acumulando na caixinha de estresse que se localiza bem no nosso estômago e quando menos esperarmos ela se abre como aquelas caixas com um boneco dentro, só que de lá não sai um palhaço e sim uma úlcera.
Levantar de manhã cedo com aquela luzinha que passa por uma fresta da janela, todos os dias se torna uma parte importante e desagradável do despertar, você já acorda puto porque aquela luz te despertou antes do despertador tocar.
Ir direto ao banheiro e constatar que aquele papel higiênico que acabou na noite anterior segue , e que os rolos não vão parar sozinhos no banheiro, é pra estrear o primeiro xingamento do dia.
Abrir a geladeira e pensar: Por quê não se manifesta nada de bom aqui além deste leite suspeito e esses ovos muito antigos? É frustrante e fermenta o estômago faminto, que seguirá faminto porque, como você levantou antes do despertador tocar, já está irritado e sem paciência para fazer um café da manhã.
Ir trabalhar, enfrentar colegas chatos com seu bom humor matinal irritante é pra romper um tendão do pescoço.
Hora do almoço; e o que deveria ser a parte do dia que você só tende a ter prazer, se torna uma decepção de proporções catastróficas, porque é claro que aquilo que você considera comida, não é exatamente o conceito que as outras pessoas tem desta palavra e fazem exatamente aquele tipo de coisas que você considera NÃO comestível, como:
Lentilha = porque por mais bonita que ela seja, aqueles grãozinhos peludos nem gato come.
Mondongo = douradinho e temperado é lindo de morrer, mas bucho com textura de borracha mata qualquer um.
Radicci = pode até brilhar e cheirar bem, mas uma mordidinha é como comer urtiga com a boca em chagas.
Rins = são lindos anatomicamente falando e sua fisiologia é sem dúvida fascinante, mas não há admiração que sustente o gosto de água de privada.
Bife de fígado = aparentemente disfarçado sob uma grossa camada de molho é como uma bomba no olfato, o qual você nunca recuperará depois de inalar o “gás tóxico” que vem de um bife de fígado.
E como se não bastasse, você pede a sobremesa e dizem: TEM FRUTA. [Fuuuuuuuuuuuuuuuu]
Trabalhar a tarde, seguir encarando corajosamente todos os tipos de pessoas odiosas que possam e vão parecer pelo caminho.
Chega a hora de ir embora, você sobe no busão lotado, calor, crianças chorando e quando você finalmente chega em casa e liga a TV esperando pegar algum programa realmente bom, está dando APURAÇÃO DE VOTOS DAS ESCOLAS DO RIO DE JANEIRO.
Ninguém merece!