quarta-feira, 19 de junho de 2013

O seu Jumento



O seu Jumento era um sujeito calmo, mas que dentro, sabia ter uma bomba- relógio.
Ele trabalhava tal qual seu nome e no final do mês, apertava o que dava do cinto para segurar para o próximo salário, mas tudo bem.
Ele precisava, de vez em quando (Graças a Deus, como dizia) de ir ao hospital, demorava, é bem verdade, mas conseguia sair de lá com receita de aspirina e então, tudo bem.
Os filhos eram muito bons, uns “rico duns guri”, saiam da escola e direto pra casa, saiam cedo geralmente, era junho e ainda não havia professor para algumas matérias, mas tudo bem, tinha das outras.
Mas um dia, um dia assim meio fechado, meio estranho, com um clima diferente; fez com que o seu Jumento não achasse tudo bem, conta-se que foi no dia que ele voltou do supermercado sem o básico.
Ele reclamou. E a bomba-relógio explodiu.
O seu Jumento gritou alto, enfurecido, indignado; desgastado pelas injúrias de uma vida de trabalho sem retorno, sem mais estar resignado com o ônibus lotado e em mau estado; literalmente cansado de carregar o peso da carapuça que lhe serviu durante tanto tempo.

Lembra-se hoje das palavras que ele não cansava de repetir: “Eu não quero e nem preciso que troque de governo, se tiver que trocar tudo bem eu ajudo na troca, mas o que eu quero é que além dessa luta partidária burra, além dessa disputa entre esquerda e direita, eu quero que: QUALQUER UM DAQUELES QUE TENHAM SIDO DIGNOS DO MEU VOTO (de confiança) SAIBAM QUE, SE AS COISAS NÃO ACONTECEREM DA MANEIRA CORRETA, SE EU NÃO PUDER TER ACESSO AO QUE EU PAGO PARA TER, SE EU TIVER QUE ARCAR COM A MISÉRIA NA MINHA PORTA PORQUE OS “GOVERNANTES” ROUBAM O MEU DINHEIRO, TERÃO, NÃO UM JUMENTO PARA APLAUDI-LOS E SIM UM GIGANTE PARA REPREENDÊ-LOS E SE NECESSÁRIO FOR, DEMITI-LOS. EU QUERO QUE ELES SAIBAM QUE SE NÃO ME RESPEITAREM ELES DEVEM TER MEDO DE MIM.”

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